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sábado, 7 de maio de 2011

CATADORES DE PAPEL: lixo, reciclagem e sustento

LIXO COMO FONTE DE RENDA


Os catadores de papel, nome comum para carrinheiros, que atuam na Grande Vitória recolhendo materiais recicláveis e sucatas para seu sustento, passam em diversos momentos por discriminação e preconceito nas ruas dos bairros onde trabalham. As reclamações feitas por esses trabalhadores são muitas, já que são vistos pela sociedade como mendigos e bandidos. O que não percebemos é que os catadores fazem também um trabalho de reciclagem, pois tiram proveito do que é jogado fora, aproveitando-se do que é considerado inútil.


Não existe uma convivência amigável entre os catadores e os moradores dos bairros. Essa é uma das principais reclamações, como relatou João Rodrigues da Silva, 44 anos: “Eu tô enfezado porque os outros ficam chamando a gente de mendigo. Nós trabalhamos. Mendigo é aquele que anda pedindo por aí, nós fazemos nossa reciclagem”.


Esse grupo de catadores costuma se encontrar pelas ruas da Grande Vitória e no bairro Ilha de Santa Maria, onde vendem os itens coletados para a sucata do Carioca, que tem como donos o senhor Gilson Carioca e sua esposa Fátima. A compra dos papéis e sucatas é feita por quilo e o preço pago é em torno de R$ 5,00 a R$ 10,00, dependendo do item e de sua quantidade. O ferro é o item mais rentável.


Os catadores que estão neste grupo agem como se fossem familiares, pois passam mais tempo entre si do que ao lado de sua real família, devido à extensa jornada de trabalho. Muitos deles sonham com a possibilidade de ajudar uns aos outros, como é o caso do catador Vicente Mendonça Costa, 54 anos: “Eu quero comprar uma terra, pra construir umas casinhas pros meus amigos de trabalho, porque eles são igual eu, né?!”.


Mesmo tendo consciência de exercerem uma profissão marginalizada pela população, os catadores a consideram digna de retirar o seu sustento e de sua família. O que vemos como lixo é considerado fonte de trabalho e renda para eles. São pessoas que sobrevivem com o que os outros não querem mais. Muitas vezes transformam e consertam o que acham para uso próprio.


Alem da discriminação sofrida, os catadores reclamam da falta de consciência da sociedade por não realizar a separação correta do lixo. Essa atitude prejudica aos catadores, pois há muita perda de tempo ao separar os itens recicláveis e, ao selecionar tais itens, acidentes são comuns, principalmente com produtos químicos e objetos perfurantes.


Mesmo com todos os problemas, os carrinheiros se acostumaram com a vida que levam. Buscam, até mesmo no trabalho, uma forma de se divertir parando em alguns momentos para tomar cachaça, jogar baralho e conversar, já que o dinheiro que ganham não permite muita coisa além disso.


Fotos e Texto por Raquel Malheiros



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