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domingo, 15 de maio de 2011


Telhados verdes aproximam a natureza do ambiente urbano

URBANIDADE

A cidade é nosso meio ambiente

Os arquitetos Sylvio Podestá e Jaime Lerner, o diretor do Instituto Cidade Jardim, Sérgio Rocha, e o artista Jean Paul Ganem, mostram que, com um pouco mais de verde e, especialmente, de respeito com os de nossa espécie, poderemos voltar a viver de forma mais integrada com a natureza, sentir que também fazemos parte do meio ambiente, e que as cidades se tornaram, há muito tempo, nosso habitat natural

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Thays Prado – Edição: Mônica Nunes
A natureza está distante de nós, especialmente nas grandes cidades, em que, muitas vezes, ela se resume a um vasinho de planta esquecido na área de serviço ou a um cachorro que levamos duas vezes ao dia para passear – no máximo. Quando precisamos de um alívio em relação ao tumulto urbano, passamos um tempo no parque – só não dá para ir embora muito tarde! é uma questão de segurança... – ou vamos para a praia, que, aliás, nos parece sempre cheia demais.

Preocupados em sobreviver na “lei da selva” dos seres humanos, nos esquecemos de que também somos natureza, de que todas as pessoas fazem parte da mesma espécie, não importa quais sejam a etnia, a língua, a orientação sexual, a profissão, os hábitos de vida ou quanto dinheiro têm no bolso ou no banco. No reino da individualidade, onde o mais forte prevalece por questões que vão muito além da busca pela sobrevivência, sequer nos damos conta de que as cidades onde moramos são o nosso meio ambiente e que podemos ter uma convivência mais harmônica e integrada se cuidarmos delas como nosso lar. O próprio dicionário Michaelis nos lembra da definição: 

Ambiente - adj m+f (lat ambiente) 1 Que envolve os corpos por todos os lados. 2 Aplica-se ao ar que nos rodeia, ou ao meio em que vive cada um. sm 1 O ar que respiramos ou que nos cerca. 2 O meio em que vivemos ou em que estamos: Ambiente físico, social, familiar. A. de campus, Inform: área extensa ou local com muitos usuários conectados por várias redes, como uma universidade ou hospital. A. físico: parte do ambiente humano que inclui fatores puramente físicos (como solo, clima etc.).

GENTILEZA URBANA 
Uma das máximas da arquitetura – a de que a rua deve ser a extensão da casa – traz clara essa noção de meio ambiente urbano. O arquiteto e urbanista Sylvio Podestá, de Belo Horizonte, diz que é mais fácil sentir essa integração nas pequenas cidades. “Quando caminhamos pela calçada, percebemos que o espaço público é feito de pequenos momentos, de pequenas gentilezas urbanas”. 


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Casa em Brasília, reformada em 2006, por Sylvio Podestá. Apesar de ser fechada para a rua, libera um jardim, sem muros, que amenizar a transição do espaço público para o privado
Podestá soa quase utópico ao acreditar que ainda vai presenciar a queda dos muros. “Eles desabarão e as ruas respirarão de novo, com um ganho de mais ou menos três metros para cada lado. A cidade terá um ganho de qualidade de vida”. Mas, para que isso aconteça, será necessário muito investimento, principalmente no aspecto social, mas o arquiteto diz que já consegue perceber um pequeno movimento nesse sentido. “Quando um edifício se preocupa em deixar sua calçada mais verde e plana, por exemplo, cria ali um pequeno espaço onde uma troca de olhares gentis pode acontecer. Se isso for multiplicado para uma escala infinita, teremos um ambiente urbano construído com base nas gentilezas”, diz. 

Entre os novos edifícios, também vem sendo disseminada uma tendência de substituir os muros e as grades por folhas de vidro que, ao mesmo tempo que garantem a separação do espaço público e do privado, permitem uma transição mais suave entre um e outro. Podestá, que foi um dos primeiros a usar o artifício em Belo Horizonte, diz que está de fora não se sente tão excluído e afastado dali como quando há um muro de concreto e cercas elétricas.

CIDADE VIVA
A integração dos moradores de uma cidade também pode acontecer por meio da revitalização das ruas e da movimentação do comércio. É nisso que aposta o urbanista Jaime Lerner com seu projeto de Ruas Portáteis (leia a reportagem As ideias arrojadas de Jaime Lerner). 

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Projeto de Jaime Lerner de Ruas Portáteis pode revitalizar a região da Cracolândia, em São Paulo
Apresentado à prefeitura de São Paulo, a solução para revitalizar a região da Cracolândia pode vencer a licitação ainda este ano. Por meio de módulos portáteis que fariam as vezes de barraquinhas, os comerciantes de rua movimentariam a região durante o final de semana, quando ela fica vazia e vira cenário para o tráfico de drogas, o que a torna insegura e dificulta a procura do local como área residencial. 

O movimento intenso de pessoas de sexta à noite a segunda de manhã deixaria a região mais segura, mais diversa e mais apropriada para ser escolhida como local de moradia.

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